Deus manda pessoas se casarem com outras?
Há pregadores que quando contam seus testemunhos sobre “como Deus os mandou casar com outros” passam uma ideia tão forte sobre a experiência, que, o próprio texto bíblico do Novo Testamento, sobre o assunto, perde seu brilho. O problema é que eles não percebem que querendo “ser muito espirituais” rebaixaram as declarações de Paulo em 1 Coríntios capítulo 7 ao nível da carnalidade. Além disso, fazem com que a praticidade apresentada por Paulo acabe se tornando uma coisa digna de ser ridicularizada. E este, realmente, parece ser o único tratamento dispensado à praticidade de Paulo quanto às questões do matrimônio: o desprezo e a ridicularização.
Não há “pessoa certa”, não há “alma gêmea evangélica”, não há “duas metades que formarão um”. O que há, SEGUNDO A BÍBLIA, é a divina invenção do casamento e “tudo que foi criado por Deus é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável, porque PELA PALAVRA DE DEUS E PELA ORAÇÃO, é santificado” (1 Timóteo 4.4,5). Leia o contexto desta passagem da segunda carta de Paulo a Timóteo e veja que Paulo estava falando sobre alimentos e casamento. O fato é que o conhecimento da Palavra e a gratidão a Deus em suas orações santificam o matrimônio, e também suas refeições (1 Timóteo 4.3,5).
Todo casamento é divino porque o casamento é uma criação divina. Todo casamento é mundano, porque o casamento é uma coisa para este mundo. Paulo disse que “o solteiro cuida das coisas do Senhor, mas o casado cuida das coisas do mundo, ou seja, se preocupa em como agradar seu cônjuge” (1 Coríntios 7.32-34). Paulo fala nestes termos porque tinha consciência de que o matrimônio é uma relação carnal, pertencente a este mundo.
Jesus também disse que na ressurreição seremos como os anjos, no sentido de que não nos casaremos, nem nos daremos em casamento. A razão desta mudança futura, em nossas relações com o sexo oposto, será a transformação do nosso corpo mortal em um corpo imortal e incorruptível. Nesta transformação futura as inclinações da nossa carne, que hoje conhecemos tão bem, simplesmente desaparecerão. A aproximação sexual, inventada por Deus ao fazer o gênero humano em macho e fêmea, também não existirá. Quando a Bíblia diz “o que Deus UNIU não separe o homem” não significa que Deus une pessoas: Natan com Ana, João com Jane, Guto com Suellen; mas significa que O ASPECTO CARNAL de uma possível união entre dois seres humanos foi criada por Deus. A anatomia e biologia da sexualidade humana por trás da atração física que possibilita a transformação de dois em um, é o que Deus fez! Muitos cristãos por não entenderem isso forçam a espiritualização de textos bíblicos que, simplesmente, não precisam de ajuda para se tornarem espirituais.
Alguém poderia perguntar: “E o texto que diz que o casal que Deus ajuntou o homem não pode separar?”. Primeiramente se o texto mencionado estivesse dizendo que os casais que “Deus junta” não podem se separar, também significaria que os casais que se juntaram por sua própria vontade, e não foram “juntados por Deus”, poderiam se separar. O real significado BÍBLICO da frase “o que Deus uniu” nunca teve qualquer aplicação individual e pessoal. Nunca. O mesmo texto de Gênesis 2.23, 24 onde Adão diz que Eva era carne da sua carne e osso do seu osso, serve de base para toda a história da humanidade: o homem e a mulher deixam seus pais, se unem fisicamente, sexualmente, e, dali em diante, passam a ser considerados “uma só carne”.
Em Mateus 19.3-12 Jesus usa o texto base de Gênesis para dizer que um homem não deveria se separar da sua mulher por motivos banais, abrindo exceção apenas para casos em que a esposa tivesse mantido relações sexuais ilícitas; muito provavelmente Jesus se referia a relações físicas, sexuais, fora do casamento. Jesus NÃO DETERMINOU que o homem traído se separasse, mas parece ter apenas indicado que em tais casos não seria considerado como culpado pelo padrão divino. A razão pela qual Jesus “era da opinião” que o homem deveria continuar casado é porque “não são mais dois, porém uma só carne, PORQUE O QUE DEUS AJUNTOU, seres humanos não deveriam separar” (Mateus 19.6). Paulo, em outra ocasião, usou A MESMA EXPRESSÃO usada por Jesus para referir-se à relação de um cristão COM UMA PROSTITUTA (1 Coríntios 6.15,16). Ele diz que o corpo do cristão é membro de Cristo, e, “ao se unir a uma prostitua, o crente estará transformando os membros de Cristo em membros de uma meretriz, PORQUE, COMO ESTÁ ESCRITO (como se diz), SERÃO OS DOIS UMA SÓ CARNE”. Veja que a mesma frase de Gênesis, também usada por Jesus em Mateus 19, aparece novamente aqui apontando CLARAMENTE para a relação física e sexual, que só se faz possível por uma invenção divina. “TORNAR-SE UMA SÓ CARNE”, é uma UNIÃO POSSÍVEL criada por DEUS, e SUA INTENÇÃO era que esta união se estabelecesse como marco desta nova unidade formada por dois seres dentro do matrimônio. “Deus uniu” neste sentido. Não que Deus tenha unido “José com Maria” ou “o cristão com a prostituta”.
Sendo assim, a frase “serão os dois uma só carne, por isso o que Deus ajuntou não separe o homem” tem um significado diferente do que algumas pessoas imaginam.
Observe que em Mateus 19 Jesus também não estava falando sobre Deus ter “ajuntado” duas pessoas específicas. Jesus disse que “o homem deixa a casa dos pais”, também disse que “este homem se une a sua mulher”. Jesus tava falando sobre decisões e escolhas pessoais. Escolha essa que o próprio Jesus não tinha feito. Paulo também, optou por não casar-se.
Alguns pensam que o texto que diz “não é bom que o homem esteja só” significa que Deus NÃO QUER, ou não se agrada, que os homens fiquem solteiros. No entanto, o contexto desta declaração não tem nada a ver com aplicações pessoais como tem sido feito hoje em dia. O texto estava narrando o gênesis da criação, e diz que, após ter feito os animais em pares (macho e fêmea), trouxe-os ao homem para ver como este os chamaria (…) TODAVIA, entre os animais, o homem não achou uma auxiliadora que LHE FOSSE IDÔNEA. Entre os animais não havia uma fêmea em compatibilidade com o homem. Assim, Deus faz um outro ser da sua mesma espécie, pois até aquele momento o homem se encontrava só, em uma categoria única, diferente da dos animais, uma categoria especial para a qual entre os animais não havia um par. É neste contexto que Deus disse “não é bom que o homem esteja só” (Gênesis 2.18-23). O próprio texto deixa isso implícito quando diz que “Deus trouxe os animais ao homem, para ver como este lhes chamaria”. Deus iria ver como o homem reagiria, COMO ELE OS CHAMARIA, e na continuação do texto diz que “TODAVIA, não se achava (entre os animais) uma auxiliadora que lhe fosse idônea”. “ENTÃO”, Deus fez a mulher, e, finalmente, Adão disse: “ESTA, AFINAL… CHAMAR-SE-Á varoa…” (Gênesis 2.23). Deus trouxe os animais ao homem PARA VER como o homem os chamaria, e o nome que o homem desse, esse seria. Da mesma forma, Deus trouxe a mulher recém criada ao homem para ver como este a chamaria, e, FINALMENTE, DISSE O HOMEM, esta será CHAMADA VAROA.
Sim, o casamento é uma invenção divina, mas não é um mandamento. É uma bênção, criada por Deus, para ser recebida com ações de graça pelos que conhecem a verdade. Lembre-se: “Para ser recebida”, se assim a pessoa o quiser. As Escrituras dizem que proibir o casamento é uma coisa diabólica (1 Timóteo 4.1-3), mas dizer que os homens tem a obrigação de casar, também é do diabo! Não se pode obrigar, não se pode proibir. O que resta então? A escolha! A opção! É facultativo.
Deus seja sempre bendito.
3 Comentários
Amém! Amei essa série sobre sexualidade! No dia em que vivemos é muito importante sabermos o que a palavra diz sobre esse assunto! Obrigado, Te Amo mano!
Natan, Você é uma benção na minha vida…
suas palestras e ministrações mudou a minha vida.
sou muito grato a Deus por você…
Amém! Glória a Deus. Obrigado.