JUSTOS E ÍMPIOS RESSUSCITARÃO NO “ÚLTIMO DIA”?
PERGUNTA:
Cadê os especialistas em escatologia? Sendo nós prétribulacionistas,como resolver essa questão: A ressurreição só se dará no último dia; então, como o arrebatamento pode acontecer sete anos antes se no arrebatamento também haverá ressurreição?
RESPOSTA:
Amigo, não sei como você chegou a essa conclusão, mas vejo que você misturou muita coisa diferente supondo que tudo se refere a uma coisa só. Normalmente “nós” prétribulacionistas não cometemos esse tipo de erro, isso é mais comum entre os que se dizem póstribulacionistas.
Todavia, pelas suas palavras, percebo o seguinte:
- Ou você não é pretribulacionista e se incluiu no grupo de pretribulacionistas usando a palavra “nós” simplesmente por que não quis ser totalmente honesto na sua abordagem reconhecendo que, na verdade, você não entende e por isso não consegue crer assim;
- Ou você se diz pretribulacionista, mas nunca estudou de fato as coisas sobre as quais você demonstrou não compreender;
- Ou mesmo sendo prétribulacionista, você anda por aí ouvindo, assistindo e lendo material póstribulacionista e agora a mesma confusão deles pulou pra dentro de você.
Não sou especialista em Escatologia, mas se você não se importa que alguém como eu te responda, posso tentar pontuar onde você se equivoca em pensar dessa forma (mesmo não importando se você se apresenta como prétribulacionista, enquanto possui dúvidas básicas de póstribulacionistas).
O “último dia”, expressão que aparece em alguns textos escatológicos da Bíblia não se refere a um dia de 24h. Não se refere a um acontecimento de um dia só. Por causa da falta desse entendimento até hoje alguns cristãos ainda insistem em dizer que os justos e os ímpios ressuscitarão no mesmo dia, e “uns irão para morte enquanto outros irão para vida”. No entanto, as Escrituras mostram que há pelo menos um espaço de mil anos entre o fim da ressurreição dos justos, chamada de primeira, e a ressurreição dos ímpios, chamada de segunda ressurreição. Se todos hão de ressuscitar no “mesmo dia”, o tal do “último dia”, como imaginam alguns, por que a Bíblia diz que “os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos” (Apocalipse 20.5)? E é assim que, calçados na ignorância desse fato, alguns se sentem confiantes de abordar os outros de forma arrogante supondo terem conhecimento suficiente para humilhar os que “não tiveram ainda seus olhos iluminados para esta verdade”. Simplesmente jogam seus versículos maravilhosos na mesa fingindo não lembrarem de Apocalipse 20. No clássico exemplo de textos fora do contexto citam João 6.40 “De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”; Alguns que conhecem um pouco mais da Bíblia também citariam outras passagens, tais como João 11.24: “Eu sei, replicou Marta, que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia”, João 5.28,29: “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora (no último dia, talvez?) em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: 29 os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo”, ou, quem sabe, Daniel 12.2, que diz: “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão (no último dia?), uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno”. Observe que qualquer estudante desatento poderia cair nesse mesmo erro, se fosse precipitado o suficiente para se convencer de uma ideia sem considerar outros textos que mostram realidades bem diferentes do que ele pensa que entendeu.
Primeira coisa a não se esquecer: há pelo menos mil anos de diferença no tempo entre a ressurreição dos ímpios e a última ressurreição dos justos registrada na Bíblia (Ap 20.5). Uma das razões para a incapacidade de alguns póstribulacionistas se lembrarem disso é que eles sequer perceberam que nem mesmo os justos ressuscitam todos “no mesmo dia”. Ou seja, além da distância de pelo menos mil anos entre a ressurreição dos ímpios e a última ressurreição registrada de um grupo de justos, os justos não ressuscitam todos “num dia só” ou “de uma só vez”. Quando as Escrituras ensinam sobre “duas ressurreições”, em Apocalipse, especificamente, chamadas de “primeira e segunda”, isso não significa que são dois momentos únicos em que ressurreições acontecerão. Por causa do conhecimento de outros textos bíblicos que usam expressões diferentes das de Apocalipse para essas duas ressurreições, compreendemos que a intenção do Senhor não é nos fazer pensar que existem dois momentos de ressurreição e sim DOIS TIPOS: A ressurreição da vida e a ressurreição do juízo (João 5.28,29), a ressurreição dos justos e a ressurreição dos ímpios (Lucas 14.13,14) e além de cada uma delas acontecer em seu devido tempo (que não é no mesmo dia), a ressurreição dos justos também não acontece de uma vez só. Apenas para exemplificar o que acabei de dizer, lembre-se que Jesus foi o primeiro a ressuscitar do grupo dos justos, que, segundo Apocalipse, será o grupo que ressuscitará primeiro em relação aos ímpios. Embora o grupo completo dos justos não venha a ressuscitar todos de uma vez só, num mesmo dia; o próprio Jesus, que faz parte do grupo de justos da primeira ressureição, ressuscitou antes de todos os outros e é considerado por isso como o “princípio da igreja, a cabeça do corpo”. Observe os versículos abaixo:
- “Sendo o primeiro da ressurreição dos mortos” (Atos 26.23);
- “O primogênito dos mortos” (Apocalipse 1.5);
- “Ele é o primogênito de entre os mortos” (Colossenses 1.18);
- “Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele a primícia dos que dormem” (1 Coríntios 15.20).
Os dois profetas de Apocalipse 11, que também fazem parte do grupo de justos, morrerão e ressuscitarão na primeira metade dos sete anos da Tribulação; ou seja, muito tempo depois de Jesus Cristo, mas antes de outros justos que irão ressuscitar depois deles, no final da tribulação (Apocalipse 11.3,7,8; Apocalipse 20.4-6). Posteriormente à morte E RESSURREIÇÃO destes dois profetas, muitos JUSTOS que terão sido mortos na Tribulação, também ressuscitarão antes do início do Milênio (Apocalipse 20.4). É bom que se diga também, que, estes mártires de Apocalipse 11, eram dois homens, dois PROFETAS; é bom deixar isso claro porque sabemos da ideia dos alegoristas que sugerem que o texto não estava falando de seres humanos, mas que o texto estraria apenas usando “palavras gerais sem sentido real para alegorizar sobre alguma coisa” que não foi dita. Para responder a essa interpretação basta-nos o versículo 10 de Apocalipse 11, que os chama inequivocamente de profetas; além do fato, é claro, de o texto dizer que seus CADÁVERES ficarão estirados em uma praça da cidade de Jerusalém (Apocalipse 20.8).
Até aqui, acho que já deu pra perceber que a “a primeira ressurreição” é um tipo de ressurreição da qual fazem partes todos os justos, não importando a época em que cada um ressuscitará. A Bíblia chama a ressurreição dos justos de “primeira ressurreição” porque todos os justos ressuscitarão ANTES de todos os ímpios, embora todos os justos não ressuscitem num dia só.
Agora, quando Paulo fala da ressurreição dos MORTOS EM CRISTO, por ocasião do arrebatamento, ele chama isso de MISTÉRIO (1Corítions 15.50); ele fala dessa forma porque tal informação, sobre a qual ele passava a tratar, não era um conhecimento de domínio público! Pois, como ele mesmo deixou bem claro foi “Jesus quem contou pra ele”. Ele recebeu uma “palavra do Senhor” específica sobre o assunto (1 Tessalonicenses 4.15). Assim a ressurreição deste grupo de justos, a quem Paulo chama de “mortos em Cristo” (1 Tessalonicenses 4.16), é outro grupo de justos que também faz parte do primeiro tipo de ressurreição, embora texto bíblico algum jamais houvesse falado sobre eles, pois tal “mistério” só veio a ser revelado através do ministério de Paulo, pela vontade de Deus. Observe também que ao falar da ressurreição destes justos, especificamente, Paulo não diz que se trata da ressurreição de “todos os mortos”, nem mesmo da ressurreição de “todos os justos mortos”. Paulo estava revelando apenas o mistério da ressurreição dos mortos em Cristo! Uma vez que, segundo Paulo, os mortos em Cristo ressuscitarão na mesma ocasião em que os “vivos em Cristo” serão arrebatados, basta compreender o que o Novo Testamento ensina sobre o Arrebatamento da Igreja para associarmos o momento dessa ressurreição específica com o arrebatamento. Depois destes, no final da tribulação, também ressuscitarão todos os justos do Antigo Testamento e os justos do período tribulacional. Quando se concluir a ressurreição deste último grupo de justos, no final da tribulação, então terá acontecido a primeira ressurreição; restando apenas a ressurreição dos ímpios, mil anos depois.
Para entender porquê o Arrebatamento possivelmente será antes do início da Tribulação, te convido a ler o livro Manual de Escatologia do Doutor Pentecost ou vasculhar o conteúdo do meu bot (NatanRufinoBot) pesquisando pela palavra “arrebatamento”.