Nome Apagado do Livro da Vida
PERGUNTA:
Será que Apocalipse 17.8 está dizendo que há predestinação ao falar sobre nomes escritos no livro da vida desde a fundação do mundo?
RESPOSTA:
Apocalipse 17.8 diz que “a besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição. E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo, se admirarão, vendo a besta que era e não é, mas aparecerá”.
Antes de qualquer coisa, é bom que se diga que o texto em questão fala sobre nomes escritos “desde a fundação do mundo” e não “escritos antes da fundação do mundo”. Textos que mencionam fatos “desde” a fundação do mundo, implicam em coisas que passaram a existir, ou acontecer, do tempo de Gênesis em diante; enquanto os textos que mencionam coisas “de antes” da fundação do mundo, implicam em coisas de uma época anterior ao tempo de Gênesis. Algumas das passagens que fazem referência a fatos estabelecidos “antes da fundação do mundo” estão associadas à pessoa de Cristo, tendo por perspectiva uma realidade atemporal, e as passagens que fazem referência a coisas “desde a fundação do mundo” estão associadas aos homens e às coisas estabelecidas da Criação em diante.
Em João 17.24, enquanto Jesus orava a Deus, ele afirmou que o “Pai o amara antes da fundação do mundo”. Em 1Pedro 1.19, 20, o Apóstolo afirma que “o sangue derramado de Cristo já era conhecido por Deus antes da fundação do mundo, embora só tenha sido manifestado no tempo milênios depois”. Em Efésios 1.4, Paulo também afirma que a eleição de todos os que vierem a ser salvos foi estabelecida por Deus “em Cristo Jesus, antes da fundação do mundo“. Por outro lado, ao falar sobre o reino de Deus, idealizado e preparado para os homens, Jesus afirmou que um dia dirá aos justos: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus 25.34). Jesus também falou sobre a futura prestação de contas pela qual passará o povo judeu e afirmou que “desta geração se pedirá contas do sangue dos profetas, derramado desde a fundação do mundo, desde o sangue de Abel…” (Lucas 11.49-51).
Apocalipse 17.8 não está falando sobre “predestinação para salvação” e sim sobre nomes que estão ou não no livro da vida, tendo sido escritos desde a fundação do mundo. Isto é, nomes são escritos e nomes são apagados desde que o mundo começou. É isso o que ensinam as Escrituras Sagradas sobre o assunto. Duvida? Acompanhe o texto.
CHAMADO DE VIVO, COM STATUS DE MORTO
Você deve lembrar que, quando Jesus enviou advertências para a Igreja em Sardes, ele mencionou pessoas da igreja que estavam morrendo espiritualmente, embora, continuassem fisicamente vivas. Em suas próprias palavras, Jesus disse: “Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e ESTÁS MORTO. Sê vigilante e consolida o resto que ESTAVA PARA MORRER, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus” (Apocalipse 3.1,2)
O contexto deixa claro que Jesus se referia à morte espiritual, que, em termos práticos, equivale ao que popularmente é conhecido como “a perda da salvação”. Segundo as expressões usadas na passagem, Jesus se referia a pessoas que foram “contaminadas”, e, consequentemente, “tornaram-se indignas de andar com Jesus” (Ap 3.4). Em seguida, Jesus fala sobre o que acontecerá aos que vencerem as contaminações do mundo, diferentemente dos que, segundo ele, já haviam morrido.O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum APAGAREI O SEU NOME DO LIVRO DA VIDA; pelo contrário, CONFESSAREI O SEU NOME DIANTE DE MEU PAI e diante dos seus anjos (Apocalipse 3.5)
Da mesma forma que nomes são escritos no Livro da Vida, nomes também são apagados de lá. Observe que, no texto acima, Jesus afirmou que “ter seu nome confessado diante de Deus e dos anjos É O CONTRÁRIO de ter o nome apagado do livro da vida”. Jesus ter dito que não apagará os nomes dos vencedores do livro da vida, não é uma promessa de que todos os crentes serão eternos vencedores, até o fim. Isto também não significa que “crentes de verdade” são sempre chamados de vencedores, e que os “réprobos”, supostamente destinados por Deus para nunca serem salvos, serão sempre os “perdedores”. Sabemos o que as Escrituras ensinam muito claramente sobre o assunto, e, por causa disso, sabemos que perdidos podem ser salvos, da mesma forma que salvos podem se perder. A Bíblia ensina que quem vence as contaminações do mundo é chamado de “vencedor” e quem se deixa envolver e se rende de forma definitiva, é chamado de “vencido”.
VENCIDOS E VENCEDORES
Pedro, ao se referir a respeito de alguns professores bíblicos que negavam o verdadeiro ensino da graça de Deus, transformando-a em licenciosidade para o pecado, declarou que “esses tais são como fonte sem água, como névoas impelidas por temporal. Para eles está reservada a negridão das trevas” (2Pedro 2.17). A julgar pelas interpretações teológicas de nossos dias, alguns poderiam pensar que Pedro estava afirmando que estes homens “estavam predestinados para a perdição”, pois, “a negridão das trevas fora reservada para eles”, como diz a versão mencionada aqui. Porém, conceitos deste tipo, não poderiam estar mais longes da verdade do que já estão. Para os que pensam que “um salvo nunca poderá se perder”, vale a pena começar a ler a Bíblia e abandonar os livros de filosofia cristã com os quais está familiarizado. Veja o que o próprio Pedro falou sobre os tais professores bíblicos:Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que OS RESGATOU, trazendo sobre si mesmos repentina destruição
(2Pedro 2.1)
Afinal, o Soberano Senhor os resgatou ou não os resgatou? Eles foram, de fato, “resgatados” ou estavam iludidos pela dissimulação de um deus que lhes enviara uma espécie de graça “evanescente”, de curta duração, de existência efêmera? Sim, o texto é claro: “O Senhor Soberano os resgatou, mas eles trouxeram sobre si mesmos a destruição”. Alguns precisam decidir-se em que irão acreditar: se nas Escrituras ou nas filosofias deterministas baseadas em pura divagação humana.
Além disso, Pedro ainda afirmou que, tais mestres, mais atrapalhavam, do que ajudavam os cristãos, pois:19 Prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos SÃO ESCRAVOS da corrupção, POIS aquele que é VENCIDO fica escravo do vencedor. 20 Portanto, se, DEPOIS de TEREM ESCAPADO DAS CONTAMINAÇÕES DO MUNDO MEDIANTE O CONHECIMENTO DO SENHOR e Salvador Jesus Cristo, SE DEIXAM enredar DE NOVO e são VENCIDOS, TORNOU-SE o seu último estado pior que o primeiro. 21 Pois melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, VOLVEREM PARA TRÁS, APARTANDO-SE do santo mandamento que lhes fora dado (2Pedro 2.19-21).
O texto acima oferece uma overdose de verdades bíblicas que são constantemente ignoradas ou desprezadas pelos deterministas de plantão. Observe:
Tais homens “se tornaram” escravos, porque não o eram antes (vv. 1,19,20).
Tornaram-se escravos, porque foram vencidos (v. 19).
Todos estes, dos quais Pedro fala, tinham escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento de Cristo como Senhor e Salvador (v. 20).
Eles mesmos se deixaram envolver, de novo, com as contaminações mundanas. Não houve qualquer determinação divina que os impeliu a fazer isso (v. 20).
Eles mesmos se afastaram do santo mandamento que lhes fora dado. Não fora Deus que os predestinou para nunca serem salvos. Até porque, se eles fossem criaturas feitas por Deus para nunca serem salvos, não teria sentido Pedro mencionar um “mandamento santo” sendo dado a homens criados para irem para o inferno (v. 21).
Pedro aponta três estados distintos na vida destes homens: Antes de serem salvos, depois que foram salvos e o último estado, que segundo Pedro, estava pior que o primeiro estado de degradação (vv. 1,20).
Estes homens tinham sido mundanos e perdidos, posteriormente foram resgatados pelo conhecimento de Cristo como Senhor e Salvador, porém, ao longo da caminhada, foram vencidos pelo desejo das coisas do mundo, e, entregando-se a ele desenfreadamente, foram finalmente contaminados. A imagem utilizada por Pedro é a de um confronto entre duas forças diferentes, opostas uma à outra, e que, aquele que for vencido, se tornará “prisioneiro de guerra” do vencedor.
Da mesma forma, o termo “vencedor” em Apocalipse 3.5, está se referindo aos crentes que não se afastaram do santo mandamento que lhes fora dado e não foram vencidos pelas contaminações do mundo. De fato, no verso anterior, Jesus chega a dizer que “estes não contaminaram suas vestes e andarão de branco junto com ele, pois são dignos” (Apocalipse 3.4).
NOME APAGADO E NOME CONFESSADO
Vimos que Jesus afirmou que somente os vencedores não terão seus nomes apagados do livro da vida e serão vestidos de vestes brancas e andarão juntos com Jesus. As exatas palavras de Jesus foram: “não apagarei seu nome do livro da vida, pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu pai e diante dos seus anjos” (Apocalipse 3.5).
Estes “vencedores” do contexto da passagem, são os mesmos que faziam parte do “restante do grupo que estava para morrer” (Apocalipse 3.2), que, pela palavra de repreensão, poderiam se arrepender e se firmar em sua caminhada cristã. O texto não estava falando sobre três supostos grupos presentes na igreja de Sardes, como se houvesse “um grupo de pessoas com nome de vivo, mas com status de morto”, “um segundo grupo só de vencedores” e um último grupo, “o restante que estava para morrer”. Na verdade, são apenas dois grupos: os que acabaram morrendo espiritualmente e o restante, que, estava para morrer, porém, dos tais, sairiam os vencedores desta situação.
Note também que Jesus afirmou que “não apagará os nomes dos vencedores, muito pelo contrário, confessará seus nomes diante de Deus”. Ora, se “o contrário de ter o nome apagado do livro da vida” é “ter o nome confessado diante do Pai e dos anjos”, isso significa que “ter o nome confessado diante de Deus e dos anjos” é o mesmo que “ter seu nome escrito no livro da vida”. Afinal, não é exatamente isso o que ensinam as Escrituras? Lembre-se daquilo que o próprio Senhor Jesus falou: “Todo aquele que me confessar diante dos homens, também EU O CONFESSAREI DIANTE DE MEU PAI, que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, TAMBÉM EU O NEGAREI DIANTE DE MEU PAI, que está nos céus” (Mateus 10.32-33). Em outras palavras, quem nega o nome de Cristo na terra, terá seu nome apagado do céu.
A advertência de Cristo à igreja de Sardes foi: “consolida o restante que estava para morrer”. Como dissemos, alguns já estavam espiritualmente mortos e o restante parecia trilhar o mesmo caminho. No entanto, agora, com a repreensão enviada por Cristo, o restante que estava para morrer igualmente aos demais, poderia se arrepender e ter vida.
Levando em consideração todas as afirmações do texto, entendemos que, “ter o nome riscado do livro da vida”, é o mesmo que “morrer espiritualmente”, pois terá “o nome negado diante de Deus”. Por outro lado, descobrimos também que, o contrário disso, ou seja, “não ter o nome apagado do livro da vida”, é sinônimo a “estar espiritualmente vivo” e “ter seu nome confessado diante de Deus e dos anjos”. Tais conceitos falam diretamente sobre salvação e vida eterna ou perdição e eterna destruição. No entanto, observe que tais destinos reservados aos homens, não se tratam de condições fixas, inalteráveis, das quais os homens não podem fugir por mero capricho do destino ou do “deus calvinista”.
O ensino da carta de Cristo, à igreja de Sardes, invalida a interpretação dos deterministas e fatalistas que afirmam que “ter o nome no livro da vida” significaria ter sido “destinado por Deus desde a eternidade passada” para a vida eterna.
Se Apocalipse 17.8 estivesse falando de “predestinação”, como alguns gostariam que estivesse, tais pessoas teriam um problema ainda maior para resolver. Afinal, segundo a filosofia determinista dos calvinistas, alguns, cujos nomes tinham sido escritos no livro da vida “desde a fundação do mundo”, já estariam destinados à vida eterna. Sendo assim, como, pois, alguns destes nomes poderiam ser apagados de lá? Porventura Jesus teria falado sobre o apagamento de nomes apenas para brincar com a ideia? Sendo isso, de fato, impossível de se fazer? Ou, eu pergunto, seria possível que tais nomes a serem apagados, seriam apenas aqueles nomes que entraram lá “de alguma forma misteriosa”, mas que, na verdade, nunca deveriam ter estado no livro? Quanta idiotice, não é mesmo?
Há outros textos bíblicos que tratam sobre o fato de nomes serem postos ou tirados do livro. A versão King James Atualizada, por exemplo, coloca o Salmo 69.28 da seguinte forma: “Que tenham seus nomes apagados do Livro da Vida, e jamais sejam inscritos entre os justos novamente”. Também Moisés, quando falava com Deus sobre os nomes que ficariam ou seriam tirados do livro sagrado, disse: “Agora, portanto, eu rogo a tua misericórdia para que lhe perdoes o pecado; caso contrário, risca-me, rogo-te, do teu livro sagrado que escreveste! Então respondeu o Senhor a Moisés: Sim! De fato riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim” (Êxodo 32.32,33).
Alguns parecem ignorar o fato de que há mais textos na Bíblia falando sobre “nomes sendo escritos e nomes sendo riscados do livro da vida”. Apegar-se cegamente a “versículos eleitos” para justificar seus sentimentos sobre determinado ponto, fará que tal pessoa jamais compreenda o que as Escrituras realmente ensinam sobre o assunto.
Assim como perdidos podem tornar-se crentes, crentes podem vir a naufragar na fé. É possível ter o nome escrito no livro da vida, assim como é possível ter o nome apagado de lá.
Apocalipse 17.8 não está falando sobre as ideias deterministas e fatalistas inventadas pelo Calvinismo. O texto se trata de uma repetição do que já havia sido dito no mesmo livro de Apocalipse:Todos os habitantes da terra vão adorar o monstro. Esses habitantes são aquelas pessoas cujos nomes não estão escritos no livro da vida que pertence ao Cordeiro, que estava destinado a ser morto desde a criação do mundo (Apocalipse 13.8 – Versão Fácil de Ler).
Desde o princípio, nomes têm sido escritos e apagados do livro do Cordeiro, que estava destinado à morrer desde a fundação do mundo. Tanto Apocalipse 13, quanto Apocalipse 17, estão revelando que, no futuro, todo aquele que não tiver seu nome escrito no livro da vida, pois estará espiritualmente morto, será presa vulnerável às artimanhas de Satanás por meio do Falso Profeta no período tribulacional. Nada mais, nada menos.