O anticristo causará “a grande apostasia”?
Não há um texto bíblico específico que diga que haverá “A Grande Apostasia” ou mesmo uma espécie de “grande apostasia” no tempo do fim. Temos algumas declarações genéricas que dão a ideia de um aumento na degradação moral humana e um consequente esfriamento por parte de alguns, mas não uma declaração de cunho profético ou com clareza e objetividade inegáveis. Jesus disse que “por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará”. Jesus disse “de muitos” e não “de todos”, mesmo que algumas versões digam “de quase todos”, mesmo assim, isso ainda significa muitos e não todos. Além disso, Jesus parecia estar fazendo uma declaração da situação geral entre as pessoas do mundo durante o período da Tribulação (Mateus 24.10-14). Paulo também disse que “nos últimos tempos alguns apostatarão da fé” por darem ouvidos a espíritos enganadores e a ensinos de demônios que exigem abstinência de certos alimentos ou que obrigam o celibato. Mais uma vez, o texto fala do desvio de “alguns” e não de “todos”. Neste caso em particular, os que se afastariam da verdade seriam motivados por algo muito específico: doutrinas diabólicas que exigiriam que cristãos seguissem a regra dietética dos judeus, abdicando de certos alimentos, ou, por obedecerem à imposições que ferem o princípio da liberdade de escolha e da individualidade de cada um. Claro que existem outras passagens que também tratam sobre o aumento da degradação moral na sociedade, mas como uma situação genérica entre os homens que não tem comunhão com Deus. Nada disso trata sobre algum acontecimento específico e pontual que sirva claramente como indicativo para acontecimentos escatológicos. Infelizmente, alguns parecem ter reunido todos os textos que falam sobre esta futura degradação moral generalizada e os associaram a uma suposta “grande apostasia profética” relacionada ao surgimento do Anticristo, e, para fundamentar este raciocínio, estes irmãos usam o texto de 2Tessalonicenses 2.3 para isso. Porém, o texto em questão não está falando sobre o que alguns pensam. Para compreender corretamente o uso da palavra “apostasia” na epístola de Paulo será preciso considerar a forma de Paulo pensar sobre tais acontecimentos tratados por ele na ocasião e também será preciso algum conhecimento técnico a respeito do uso da palavra apostasia durante aquele período da história dentro da cultura grega. O sentido essencial da palavra sempre foi “retirada, partida, separação”, e embora a palavra também tenha sido usada para se referir aos que se “apartavam da fé”, a mesma palavra era usada para tratar sobre vários outros tipos de afastamentos, distanciamentos, separações ou retiradas. Como Paulo já havia demonstrado em sua primeira epístola que cria num arrebatamento pré-tribulacional, é mais provável que ele esteja reafirmando o que já tinha ensinado antes, isto é, que o “Dia do Senhor” (ou seja, a Tribulação) não iria começar antes que houvesse a partida do Corpo de Cristo e fosse então revelado o filho da iniquidade, o Anticristo. Para mais detalhes e informações técnicas e históricas sobre esse assunto, veja o livro “Arrebatamento Antes da Tribulação”. Além de tudo isso, observe que o texto de Tessalonicenses afirma que primeiro deve acontecer essa separação ou apostasia (possivelmente o arrebatamento), para que somente depois seja revelado o Anticristo. Não é o Anticristo que causará a “apostasia”, mas a apostasia (a partida, a retirada ou separação) que liberará caminho para a revelação do Anticristo.