PERGUNTAS ALEATÓRIAS DE UM CURIOSO
P.: Você acha incoerente um crente que não é calvinista, nem pós-tribulacionista, gostar de ouvir pregações de pastores calvinistas, como Augusto Nicodemos e Hernandes Lopes por exemplo?
R.: Não acho não, pois há propósito para tudo debaixo do sol né? Até porque não precisamos ouvir apenas aquilo que é ministrado em linha com as Escrituras, às vezes pode ser interessante analisar outras abordagens até pra conhecer o pensamento do povo. Por outro lado, se for um novo convertido, ou alguém que já tem dúvidas sobre as coisas, certamente essa pessoa poderá ficar arrasada emocionalmente e perturbada espiritualmente. Tenho uma amiga que chegou a pensar em se matar por causa de pregações Calvinistas.
P.: Na sua opinião, por quê Deus permite o sofrimento de crianças, principalmente por pessoas perversas, uma vez que delas é o Reino dos céus?
R.: Exatamente porque Deus criou o ser humano um agente moral livre, capaz de decidir pelo bem e pelo mal e, por isso, todos prestarão contas da sua própria vida diante de Deus. A vida verdadeira, real e eterna, não é essa que nós conhecemos aqui, é a vida pós-morte da qual ninguém, sem exceção, jamais conseguirá fugir. Uns gozarão a vida eterna, outros experimentarão juízo, recebendo sobre si a morte eterna. O reino dos céus ser das crianças diz respeito ao fato de elas terem a natureza espiritual (não a carnal) essencialmente em harmonia com esse reino de Deus. Deus não está controlando todo e qualquer acontecimento de forma minuciosa todos os dias. Coisas ruins acontecem, muitas vezes originadas e realizadas por homens maus, mas estes homens maus prestarão contas a Deus até mesmo de palavras indevidas que proferiram. A Bíblia diz que horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo. Essa vida aqui é um grande teste, uns serão aprovados outros serão rejeitados.
P.: Quando Jesus falou… Qualquer que fizer tropeçar uma criança melhor lhe fora amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se lançar ao mar…Ele estava se referindo aos pais, ou a qualquer pessoa que, de alguma forma, exerce influência sobre elas, como por exemplo, professores, artistas, cantores, Youtubers, etc?
R.: Qualquer pessoa, embora o contexto estivesse relacionado à influência religiosa, mas “religião” é vida, né? Sei que existem pessoas hoje em dia tentando depreciar o sentido e a importância da Religião e até quando querem diminuir alguma colocação de outro cristão mais legalista eles dizem “é que fulano é muito religioso”; porém, as Escrituras declaram que existe uma religião verdadeira para Deus, que se resume a: Manter-se incontaminado do mundo e ajudar pessoas carentes que sofrem na vida, representados no texto bíblico por “orfãos e viúvas”.
P.: Alguns crentes estão afirmando que o arrebatamento se dará em 2027. Qual a sua opinião sobre isso?
R.: Minha opinião é que acho muito perigoso afirmar coisas desse tipo. Embora seja possível que a verdadeira geração do Arrebatamento possa receber de Deus essa luz; assim como Noé sabia o dia que teria que entrar na Arca, também penso ser possível que a geração do Arrebatamento alcance essa graça. Mas, sempre acho melhor falar de possibilidades e não de garantias. Nesses dias apareceu um crente na internet marcando datas para o Arrebatamento, uma das mais famosas foi o dia 23 de setembro, e depois marcou outra e depois mudou de assunto, mas continua falando outras besteiras insignificantes, mesmo assim, por incrível que pareça, ainda tem gente que se deixa levar “por todo vento de doutrina” e segue esse tipo de gente.
P.: Você acha que os crentes devem batalhar pela aceitação dos ideais de fé cristã no Brasil, participando de discussões políticas, sob o pretexto de tentar impedir censura à liberdade religiosa?
R.: Sim e não, depende do contexto. Todo cristão é um ser politizado, pois crer em Cristo e “tomar partido” pelo Evangelho nas diversas situações da vida é ter uma posição considerada “política”, mas não é a mesma coisa da política profissional ou partidária que conhecemos bem. Com isso também não estou dizendo que um cristão possa se envolver profissionalmente com a política, pois temos inúmeros exemplos na Bíblia de justos que eram ativos politicamente: Daniel, José, Moisés, etc… Também imagino que Deus possa conceder dons e habilidades para alguém desempenhar certas funções sociais, afinal, “toda autoridade vem de Deus”, como diria Paulo em Romanos 13. Creio também que os cristãos podem e devem conhecer seus direitos e deveres para, quando preciso for, obedecer ou desobedecer e também para fazer suas reivindicações, como Paulo, quando conseguiu evitar receber açoites mencionando ser cidadão romano de nascença. Por último, mas não menos importante, acredito que o cristão muda as sociedades nas quais está inserido pelo testemunho e convivência com os outros ao longo dos dias e não através de revoluções e lutas políticas, embora Jesus tenha revolucionado a sua própria sociedade apenas dizendo a verdade e se deixando apanhar e ser assassinado pelos líderes da sua nação.
P.: Alguns líderes religiosos estão dizendo que o Brasil está debaixo do juízo de Deus. Você concorda com essa opinião?
R.: Não. Embora a Bíblia ensine claramente que Deus julga e até mata no Novo Testamento, declarações específicas assim relacionadas a povos, locais, etc. são muito subjetivas e muito perigosas de se fazer também. Sei que Deus pode trazer revelação a algum profeta sobre situações que estão prestes a acontecer, como registrado no livro de Atos quando Ágabo previu uma grande fome, mas acho que essas declarações sobre as quais você está falando são apenas opiniões em tom de “assim diz o Senhor”, coisa que é muito comum no meio evangélico.
P.: Qual a sua opinião sobre o crente ouvir música secular, ou mundana, como é mais comumente pronunciado? É possível o crente ouvir música secular, sem ser influenciado ou perder a sua comunhão com Deus?
R.: Primeiro você talvez precisasse se perguntar o que é uma música “mundana” e o que é uma “música cristã”. “Música mundana” é quando um não-cristão compõe a música? “Música cristã” é quando um cristão a compõe? Ou, quando um não-cristão cantar uma “música cristã” ela vira mundana? Crente pode cantar “parabéns pra você”? “Cai-cai balão”? Acho que isso é um preconceito de alguns crentes cristãos, pois alguns dizem que não ouvem “música do mundo”, mas assistem “filmes do mundo”. Não ouvem “músicas do mundo”, mas estudam em “faculdades do mundo”. Não ouvem “músicas do mundo”, mas comem em “restaurantes do mundo”, bebem coca-cola e tem quem até beba vinho. Bom, nem tudo que o homem produz é fruto de influência diabólica. É tolice pensar que uma obra artística humana tenha que ser influência de Deus ou do diabo, afinal, o próprio homem foi feito por Deus um ser criativo e capaz. Há muitas músicas feitas por evangélicos que são ridiculamente fora do padrão das doutrinas e do espírito cristão; por outro lado há músicas feitas por não-cristãos que são melodicamente lindas e, em algumas ocasiões, com letras lindíssimas e saudáveis. Sei que há melodias e ritmos depressivos ou sensuais e que também há letras desprezíveis e ruins, mas não acho certo classificar uma música como “de Deus” ou “do diabo” pelos padrões que alguns gostam de usar. Sobre esse assunto eu sempre repito o que aprendi com um amigo: você não precisa colar versículos da Bíblia em pétalas de rosas para que estas glorifiquem ao Criador. Há muita beleza na criação de Deus e é totalmente possível apreciar a vida, a natureza, a criatividade e arte humanas, sem necessariamente estas coisas estarem proclamando Marcos 11.23.
P.: Há também líderes religiosos que estão dizendo que o Brasil irá desfrutar de uma prosperidade econômica em um futuro próximo, outros dizem que haverá um grande avivamento. O que você pensa dessas afirmações?
R.: Torço sempre pelas coisas boas e espero que aconteçam. Sobre avivamento, eu creio eu ele começou no dia de Pentecostes, Atos 2; no entanto, nós entramos e saímos dele ao longo da nossa vida, e como igreja, ao longo da história.
P.: Tenho um amigo que é crente, não é calvinista, é pré-tribulacionista, não perde a oportunidade de falar de Jesus para as pessoas, tem vida de oração, estuda a Bíblia e faz cultos domésticos com sua família. No entanto ele afirma que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas sim, que ela apenas contém a Palavra de Deus. Ele também diz que temos que procurar colocar em prática e levar em consideração apenas o que Jesus falou, ou seja, ele diz que o que vale, é o que está nos Evangelhos. Ele não crê, que tudo que lá está, foi inspirado por Deus. Afirma inclusive que Paulo falou muita coisa de si mesmo. Pode uma pessoa pensar assim, e ser um cristão genuíno? Isso me confunde um pouco.
R.: Pode sim, mas é totalmente diferente de dizer que o que ele pensa é genuinamente cristão.