DEUS E AS ELEIÇÕES
Alguns amigos me perguntaram por que Deus não concedeu os almejos dos cristãos nas eleições presidenciais de 2022. Minha resposta simples e direta para essa questão seria que “Deus não tem absolutamente coisa alguma a ver com isso”. Embora alguns crentes tenham essa mania de culpar ou responsabilizar a Deus pelo que acontece entre os homens, Deus não está no controle direto do andamento de todos os detalhes da vida humana. Deus não tem culpa de Caim ter matado Abel. Deus não decretou que Caim cometesse assassinato. Caim não cumpriu algum tipo de “determinação divina”. O que Deus realmente disse a respeito da inclinação maligna de Caim foi que “se ele procedesse bem, ele seria aceito. Se, todavia, ele procedesse mal, o pecado o alcançaria e seu desejo seria contra ele mesmo; porém, seu dever seria dominar qualquer desejo ou inclinação perversa” (Gênesis 4.7). O texto bíblico é inspirado, e, exatamente por isso, é útil para ensinar, corrigir, educar e repreender (2Timóteo 3.16). Basta acreditar que o texto é inspirado para aceitar qual foi a real participação de Deus no que aconteceu com Caim. Sem a devida consideração pelo texto, estaremos ininterruptamente procurando por um suposto significado mais profundo, e, com isso, ficaremos vulneráveis às filosofias e interpretações dos homens, que, a despeito da sua boa vontade, acabam nos conduzindo para longe da interpretação saudável das Escrituras.
Assim como Caim não estava cumprindo algum tipo de “decreto divino”, a Seleção Brasileira de Futebol não perdeu a Copa do Mundo em 2022 porque “Deus quis”. Da mesma forma, não é correto afirmar que o presidente Bolsonaro “não foi reeleito porque Deus tinha um plano”. Deus não tem culpa da corrupção e o crime ter prevalecido na nação brasileira. Tenho ensinado sobre isso sempre que posso e tenho dito sempre a mesma coisa: a fé de um cristão não pode mudar a vida de outra pessoa que não quer mudança! Não posso determinar que os demônios se retirem do Brasil e que passem a ocupar outros países da América Latina. Enquanto houver pessoas que os queiram em nosso território nacional, não há muita coisa que possamos fazer. Eu posso ter autoridade sobre os demônios, mas não tenho autoridade sobre a vontade das pessoas. Não podemos simplesmente “orar para que o Brasil seja salvo” e “determinar que as coisas mudem em nome de Jesus”. Se algum tipo de mudança milagrosa fosse possível de acontecer desta forma, tenha certeza que isso teria sido feito por Jesus ou pelos apóstolos quando estiveram sobre a terra. E é exatamente por isso que pregamos a palavra de Deus, pois aprouve a Deus salvar o mundo pela loucura da pregação e não pela “loucura da oração” (1Coríntios 1.21) . Nem Deus pode transformar alguém que rejeita firmemente a sua ajuda! Não podemos “orar a Deus” pedindo para ele fazer uma coisa que ele mesmo já disse que deve ser decidida e resolvida pelo ser humano. Como crentes brasileiros que almejam a bênção sobre o nosso país, nós pregamos a palavra de Deus e lutamos pela justiça, e, sempre que for preciso, reivindicaremos nossos direitos pleiteando por aquilo que nos pertence.
No entanto, lutar pelos direitos constitucionais que temos não é a mesma coisa de “profetizar a vitória”. Muitos crentes misturam as coisas e não conseguem enxergar a grande diferença entre uma coisa e outra. Talvez por isso muita gente boa se frustra quando finalmente percebe que não pode mudar os outros através da sua própria fé. Meu humilde conselho a respeito da situação que enfrentamos hoje é: creia no que pode ser crido, tenha sempre esperança e lute até à morte, se necessário for.