O Evangelho e a Prosperidade
A mensagem do Evangelho não é “garantia de sucesso e prosperidade na área financeira”. Ainda que a Bíblia ensine inúmeros princípios pelos quais a prosperidade financeira possa vir a ser alcançada pelos homens, essa não foi “a grande revelação” que Cristo veio trazer à terra. Creio de todo coração quando a as Escrituras dizem que “Deus tira o homem do monturo e o faz sentar com os príncipes”, mas não vejo isso sendo ensinado na Bíblia como um “passe de mágica ungido” que multiplicará o dinheiro do crente que dá ofertas e dízimos para a obra do Senhor. Por favor, não me entenda mal. Creio na generosidade, creio no princípio de semeadura e colheita inclusive na área financeira, creio na importância dos dízimos e ofertas, creio que repousa uma bênção sobre a cabeça de todo aquele que tem alegria em abençoar. O fato é que os princípios realmente bíblicos para a prosperidade financeira estão muito bem fundamentos na capacidade humana que fora divinamente concedida a este quando Deus o fez à sua imagem e semelhança. Observe:
Gênesis 1.26, 28
26 Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; TENHA ELE DOMÍNIO SOBRE OS PEIXES do mar, SOBRE AS AVES dos céus, SOBRE OS ANIMAIS domésticos, SOBRE TODA A TERRA e SOBRE TODOS OS RÉPTEIS que rastejam pela terra.
28 E Deus os abençoou e lhes disse: SEDE FECUNDOS, MULTIPLICAI-VOS, ENCHEI A TERRA e SUJEITAI-A; DOMINAI sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.Gênesis 2.5
Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado; porque o SENHOR Deus não fizera chover sobre a terra, E TAMBÉM NÃO HAVIA HOMEM PARA LAVRAR o solo.Gênesis 2.15
Tomou, pois, o SENHOR Deus AO HOMEM e O COLOCOU NO JARDIM do Éden PARA O CULTIVAR E O GUARDAR.Gênesis 2.19
Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, TROUXE-OS AO HOMEM, PARA VER COMO ESTE LHES CHAMARIA; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles.
Em todos os textos acima, que tratam sobre realidades anteriores ao momento do pecado e queda espiritual humana, podemos observar a capacidade e responsabilidade humana na tarefa que deveria ser realizada por ele na terra: Dominar, ser fecundo, multiplicar-se, encher a terra, sujeitá-la, cultivar, guardar, nomear, classificar, categorizar, etc. O potencial para a prosperidade está embutido nos versículos acima, que demonstram claramente que o homem deveria seguir o impulso divinamente concedido para agir, realizar, produzir. Deus fez mesmo o homem para trabalhar; e a prosperidade da obra humana na terra seria a consequência lógica em se obedecer a Deus fazendo o que ele quis que fosse feito pelo homem com os recursos que ele mesmo havia concedido. Penso que a forma número um para a prosperidade não mudou, e duvido muito que um dia mudará, ao contrário, creio que continua sendo a mesma: o trabalho!
Até mesmo aqueles que trabalham no ministério de tempo integral por chamado divino precisam demonstrar por meio do seu trabalho que são merecedores de receber uma boa remuneração.
I Timóteo 5.17
Devem ser considerados MERECEDORES de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino.
Ora, se os ministros devem ser o modelo dos fiéis, inclusive na responsabilidade financeira e profissional, por assim dizer, seria correto que eles pudessem “prosperar pela fé” mesmo sendo negligentes em seus trabalhos? Ou, ainda usando o raciocínio do texto acima como base, poderíamos nos questionar da seguinte forma: Será mesmo que a prosperidade bíblica vem ao homem pela fé somente? Se assim o fosse, então, por quê Paulo fala sobre “aumento salarial” atrelado à ideia de um bom trabalho desempenhado? Por favor não desconsidere a lógica simples apresentada no texto acima, que até uma criança de 12 anos poderia entender: “Se a pessoa trabalha bem, merece receber bem”. Sabe qual a real dificuldade para alguns pregadores e pastores aceitarem isso? Por que eles finalmente entendem que não poderiam usar a desculpa que “ficarão ricos pela fé”, mas sim que qualquer futura “remuneração duplicada”, que venham a receber, deverá ser por causa do bom trabalho que vierem a desempenhar.
Paulo disse: “devem ser considerados merecedores de dobrados honorários”. Sabe o que significa? Tem quem merece, mas tem quem não merece. Quem merece? “Os que presidem bem”, e, “com especialidade, os que se afadigam na palavra e no ensino”. É interessante que a palavra usada no versículo traga a ideia de “fadiga”, pois todo aquele que estuda as Escrituras e ministra as verdades absorvidas desta atividade, sabe o quão fatigante é passar horas, dias e semanas em um único ponto, que, futuramente, fará parte de uma mensagem, que algum dia, será ministrada a um grupo de irmãos. Observe também que a fadiga está na ocasião do estudo da palavra e não ocasião de ensiná-la. “Se afadigar na palavra” é aquele momento secreto em que o desgaste acontece, somente depois vem o momento do ensino. Eu gosto de dizer que não deveríamos estudar para ensinar, mas que deveríamos estudar para compreender, e, quando surgir a oportunidade de compartilhar a palavra, deveríamos tentar ensinar apenas aquilo que já compreendemos. Até hoje alguns cristãos ainda tem dificuldade de entender que o ministério é um trabalho, e que, todo trabalhador é digno do seu salário. Que o ministério é um trabalho fica bem claro na declaração feita por Paulo em 1 Coríntios 9.1 quando ele disse: “Vocês são o que são como resultado do meu trabalho no Senhor”. Pode não ser um trabalho secular, pode não ter relação com as profissões de carreira a exemplo do que encontramos no mundo, mas não deixa de ser um “trabalho no Senhor.’
O trabalho é a lei universal para a prosperidade. Lei estabelecida por Deus que nivela os homens a uma única verdade universal e bíblica: “aquele que não trabalha, também não coma” e que “o trabalhador é digno do seu salário”.
Alguém poderia perguntar: “E onde entra a fé para a prosperidade nessa questão?” Bem, para mim isso parece muito simples: Como seria possível empreender esforço nos estudos e nas atividades profissionais sem acreditar que Deus me deu forças, inteligência e condições para adquirir riquezas? Como agir como quem sabe que tem capacidade para dominar, sujeitar e administrar as obras das mãos de Deus sem a fé? Como desempenhar as tarefas para as quais tenho vocação se não creio que fui divinamente capacitado para isso? Existe porventura fé verdadeira sem atividades correspondentes? Ou, como indagaria Tiago: Tu tens fé sem nenhum tipo de obra? Pois mostra-me essa tua fé, sem obras, que eu, pela minhas obras, vou te mostrar como realmente tenho fé (Tiago 2.18).