UM ERRO ESCATOLÓGICO: O QUE É A IGREJA?
Um dos erros mais comuns na Escatologia é a falta de compreensão do conceito bíblico para a Igreja de Cristo. Esta igreja, da qual o Novo Testamento fala, não pode ser definida através de um conceito vago, ou como se fosse um termo genérico, que possa ser usado indistintamente para qualquer pessoa temente a Deus de todas as gerações. As Escrituras testemunham que a Igreja de Cristo tem início, meio e fim e ela não começou a ser formada no momento em que Deus criou Adão. Abraão, Isaque e Jacó jamais fizeram parte da Igreja de Cristo.
Alguns se confundem com a afirmação acima, pelo fato de saberem que, a palavra grega para “igreja”, já existia muito antes de a primeira página do Novo Testamento ter sido escrita. De fato, na versão grega do Antigo Testamento a palavra fora usada em alguns momentos para se referir ao ajuntamento dos filhos de Israel. Até mesmo no Novo Testamento, por três vezes, ela também é usada neste mesmo sentido. No entanto, não estamos falando aqui sobre a pré-existência da palavra ou sobre o seu significado essencial, e sim sobre a forma como ela veio a ser aplicada por Jesus e na grande maioria dos textos do Novo Testamento.
Uma coisa é a palavra em si, ser usada em um contexto político ou circunstancial, e outra totalmente diferente, é a palavra ser usada em relação à “Igreja de Cristo”, que é o conceito mais novo. Obviamente que a palavra “eclésia” (Εκκλησία) nunca foi uma palavra exclusiva para contextos religiosos, muito pelo contrário. Mesmo em textos comuns do Novo Testamento ela ainda é usada para se referir a simples ajuntamentos de gente, como acontece em Atos 19.32,39,41. Dependendo da versão utilizada, você encontrará a palavra eclésia sendo traduzida por “assembleia” , “reunião” ou “aglomeração”. Claro que essa não é uma referência ao Corpo de Cristo.
No entanto, o conceito bíblico a respeito do qual estamos discutindo, diz respeito ao grupo específico de pessoas a quem Jesus se referiu como “a sua igreja”. Não é qualquer reunião, nem qualquer assembleia. A Igreja de Cristo é uma referência ao corpo de crentes que se encontram em Cristo Jesus.
Durante seu ministério terreno, Jesus, ao referir-se ao momento futuro em que sua igreja seria fundada, ele afirmou: “Edificarei a minha igreja” (Mateus 16.18). Posteriormente, Paulo disse que os cristãos estavam sendo edificados corporalmente sobre “o fundamento dos apóstolos e profetas”, e, também, segundo Paulo, Cristo é a “pedra angular” sobre a qual este fundamento estava sendo construído através dos ensinamentos dos Apóstolos e Profetas (Efésios 2.19-22). Ora, isso significa que antes da ressurreição de Jesus, não havia Igreja de Cristo. Em Efésios 4.7-12 Paulo explicou que somente depois que o Senhor Jesus subiu ao céu, ele concedeu dons aos homens, e, assim, as funções de Apóstolo, Profeta, Evangelista, Pastor e Mestre, foram estabelecidas. Se a Igreja passou a ser edificada sobre o fundamento de dons que foram concedidos aos homens somente depois que Jesus ressuscitou, então, não havia Igreja antes disso. Não esta Igreja específica. Não a Igreja de Cristo.
De fato, em Efésios 4.12 Paulo disse que estes dons ministeriais foram concedidos após a assunção de Cristo ao céu com o explícito objetivo de “aperfeiçoar os santos”, para “a edificação do Corpo de Cristo”. Embora algumas pessoas não entendam isso, a Igreja de Cristo é uma realidade neotestamentária que teve seu início no dia de Pentecostes, quando finalmente o Espírito Santo desceu à terra para habitar no coração do homem.
Embora muitos homens e mulheres da história humana venham a ser salvos, cada um seu próprio tempo de vida, ao final, nem todos eles terão vivido neste período da Igreja do Senhor Jesus. Pessoas que foram salvas antes da Igreja do Senhor Jesus começar, fazem parte do grupo de santos que herdarão bênçãos no mundo que há de vir, mas nunca fizeram parte desta Igreja. Muitos outros serão salvos depois que o tempo da Igreja do Senhor Jesus chegar ao fim, eles participarão da ressurreição dos justos, experimentarão a glória vindoura e estarão no reino milenar, mas não terão feito parte da Igreja de Cristo. Todos os crentes em Cristo, do tempo da Igreja, são salvos, mas nem todos os salvos da história humana, terão vivido no tempo da Igreja de Cristo.
No Milênio haverá salvos de todas as épocas e de vários contextos, mas nem todos terão feito parte daquilo que a Bíblia chama de “Igreja do Senhor do Jesus”. As Escrituras ensinam que a Igreja nasceu no dia de Pentecostes e terminará no dia do Arrebatamento, mas isso não quer dizer que todo ser humano que um dia vier a ser salvo terá que fazer parte dessa igreja, isso não é verdade.
A Igreja de Cristo não é um “ajuntamento de crentes em Deus desde o começo do mundo até o fim da terra”. A Igreja do Senhor Jesus não é um aglomerado indistinto de pessoas salvas. A Igreja de Cristo foi um mistério que esteve oculto aos sábios, reis e profetas do Velho Testamento. Algo que esteve oculto ao mundo desde que o mesmo começou. Um segredo divino revelado na plenitude dos tempos a partir da pessoa de Cristo Jesus.
O texto de Apocalipse revela que após o Arrebatamento do Corpo de Cristo, Deus voltará a tratar com o mundo como costumava fazer no período do Antigo Testamento. Ele passará a lidar diretamente com Israel e a partir de Israel, com o restante do mundo. Dois profetas do calibre de Moisés e Elias estarão na terra proclamando aos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó, e também a todo o mundo, que Jesus Cristo é o Ungido, o filho de Deus que esteve no mundo, fora morto e ressuscitado, mas que estará a ponto de retornar para julgar vivos e mortos.