Os Salvos do Antigo Testamento ou da Tribulação fazem parte da Igreja?
PERGUNTA:
Sabendo que existem 3 tipos de povos: Judeus, gentios e Igreja, de que povo farão parte os cristãos que se converterão a Cristo durante a Tribulação?
(a) Judeus;
(b) Gentios;
(c) Igreja.
RESPOSTA:
Embora eu saiba que seu texto não é uma pergunta sincera, pois você está tentando dizer alguma coisa e não de fato perguntar, eu acho que você está usando o conceito específico atribuído à Igreja de Cristo de forma generalizada. Deixe-me tentar explicar: Dizer que a Igreja de Cristo é formada por judeus e gentios crentes não é o mesmo que dizer que todo judeu ou gentio crente em Deus, que já existiu ou venha a existir, tenha feito ou fará parte da igreja. A Igreja de Cristo foi estabelecida para um tempo específico na história. Não era possível fazer parte da igreja antes do seu surgimento e não será possível fazer parte dela após o período estabelecido por Deus para ela. Nenhum dos santos do Antigo Testamento fizeram parte daquilo que o Novo Testamento chama de Igreja de Cristo. Embora santos do Antigo Testamento e santos da Igreja cristã compartilhem da mesma fonte de salvação para os homens, eles não são denominados pelas Escrituras com os mesmos termos. Eles não fazem necessariamente parte do mesmo grupo, embora existam alguns elementos de intercessão entre eles.
Outra coisa importante a ser dita é que a palavra grega para “igreja” foi usada na versão grega do Antigo Testamento quando a sua tradução foi feita por volta do ano 300 antes de Cristo. Contudo, mesmo que “igreja” tenha sido a palavra usada para se referir ao “ajuntamento dos filhos de Israel”, ela não era considerada como uma palavra “divina” ou “inspirada pelo Espírito Santo” e, obviamente, não tinha o sentido como hoje os cristãos a entendem; tratava-se apenas de um termo grego conhecido e usado no mundo acadêmico e político da época para dar a ideia de “assembleia, ajuntamento, congregação, conselho, convocação”. Foi assim que, ilustrativamente, o termo passou a ser usado no Novo Testamento para se referir aos que “se uniam (se congregavam) por causa do nome de Jesus”. A ideia que o Novo Testamento imprime sobre o conceito de Igreja DE CRISTO é muito mais abrangente e mais profundo do que a ideia associada, até então, ao uso do termo “igreja” no meio secular ou mesmo em referência ao povo de Israel no Antigo Testamento. Doutrinariamente falando, o conceito neotestamentário para Igreja de Cristo não é o mesmo que aparece na Septuaginta quando se refere ao povo de Israel.
A distinção entre judeus, gentios e igreja, feita por Paulo em 1Co 10.32, não é uma classificação a ser usada de forma generalizada, como se pudesse ser aplicada em qualquer tempo da existência humana, de forma universal. Ele estava se referindo a uma distinção a ser feita durante a era da Igreja do Senhor Jesus. O tempo da Tribulação e do Milênio fazem parte de realidades diferentes do período da Igreja. São períodos específicos para tratativas específicas de Deus com os homens que estiverem na terra. Segundo meu entendimento das Escrituras, a Igreja não estará presente durante a Tribulação, e, ainda que muitos venham a crer em Cristo durante esse período, sejam salvos, e sejam chamados de santos, eles não serão santos que terão vivido durante a era da Igreja Cristã. Penso que assim como existiram santos antes do surgimento da Igreja de Cristo, também haverá santos depois da era da Igreja. Além disso, toda a Igreja de Cristo estará contida no grupo de Santos do Milênio, mas nem todos os santos do Milênio terão feito parte daquilo que o Novo Testamento chama de Igreja. Usando exemplos da matemática poderíamos dizer que o grupo de santos salvos do período milenar CONTÉM a Igreja de Cristo, mas NÃO ESTÁ CONTIDO dentro do grupo Igreja. O grupo de santos ou salvos do Milênio de Cristo será maior que o grupo de pessoas que tenham feito parte da Igreja durante sua existência. A Igreja estará entre os santos do Milênio, mas os santos e salvos que viverão naquele período será maior que o número daqueles que tiverem feito parte da Igreja.
Para finalizar, queria te dizer que, para mim, a tua “pergunta” não parece oferecer uma opção lógica para uma solução, pois você pressupõe que a resposta a ser dada tem que ser uma coisa ou outra das que você sugere, e, como escrevi acima, não penso que seja este o caso. O que você responderia se eu te perguntasse o seguinte: Na época de Paulo alguns irmãos de Corinto diziam que não existia ressurreição (1Co 1.12), enquanto outros afirmavam que não só existia, como até já tinha acontecido (2Tm 2.17,18). Qual dos dois grupos estava certo? Ora, logicamente que não tem como responder a uma pergunta dessas usando as opções sugeridas, pois o pensamento dos dois grupos estava errado. Por isso é importante uma compreensão mais abrangente das Escrituras para se formular corretamente a solução para um suposto problema. Como você obviamente acredita que a Igreja passará pela Tribulação, você pressupõe que qualquer pessoa que vier a Crer em Cristo durante a Tribulação terá que fazer parte “da Igreja”, mas, como você já sabe, eu penso de forma diferente.