Quem não fala em línguas não tem o Espírito Santo?
PERGUNTA
Quem não fala em línguas não tem o Espírito santo?
RESPOSTA
Na verdade, o problema é que as pessoas criam suas próprias terminologias, e não prestam muita atenção na terminologia realmente bíblica. Em cada denominação as pessoas tratam sobre os mesmos assuntos de forma diferente, porém, preservar as terminologias da própria Bíblia é a única coisa sensata que a gente pode fazer, mesmo que as pessoas que não as conhecem, ou que não são familiarizadas com elas, sintam-se confusas.
Bom, em primeiro lugar, a Bíblia ensina que “se alguém não tem o Espírito de Cristo esse tal não é dele”, então, todo aquele que nasce de novo, “torna-se um só espírito com o Senhor”, e, nesse sentido, obviamente que o crente regenerado tem o Espírito Santo em seu coração, pois o “próprio Espírito testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus”, e João ainda diz que “SABEMOS que passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos”. Em outras palavras, nenhum novo convertido precisa de “profecia” ou “confirmação” de que nasceu de novo, de que é salvo e de que o Espírito do Senhor está em seu coração, pois, como dizem os textos que citei acima e 1João 5.10, “aquele que crê, tem EM SI o testemunho”.
No entanto, a experiência de recriação do espírito humano que o torna um só espírito com o Senhor Jesus não é chamado pela Bíblia de “recebimento do Espírito Santo”. Na verdade, Jesus disse que “o mundo não o pode receber”. Então, a primeira experiência do ímpio com Deus, quando ele nasce de novo, é o “recebimento da Palavra”, ou seja, ele primeiro “recebe Jesus”, e depois disso, ele poderá receber o Espírito Santo, inclusive poucos minutos depois.
O Espírito Santo só pode ser recebido por quem já nasceu de novo e se tornou “um espírito com o Senhor”, antes disso, não. São duas experiências distintas, tratadas pelas Escrituras com nomenclaturas distintas, elas são respectivamente chamadas de: Novo Nascimento e Recebimento do Espírito Santo. De fato, a Bíblia testemunha que “é possível receber a Palavra e não receber o Espírito Santo”, mas que é impossível “receber o Espírito Santo sem antes ter recebido Jesus”. Além disso, segundo a terminologia bíblica, “receber Jesus” não é sinônimo de “receber o Espírito Santo”, são expressões diferentes USADAS NO NOVO TESTAMENTO para se referir a duas experiências diferentes. Quando o ímpio recebe Jesus, a evidência de sua conversão consiste nos frutos do seu espírito recriado que começarão a amadurecer. Quando o crente recebe o Espírito Santo, a evidência bíblica de que isso aconteceu é que a pessoa fala em outras línguas na ocasião do Batismo no Espírito Santo.
Atos 8.14-17
14 Ouvindo os apóstolos, que estavam em Jerusalém, que Samaria RECEBERA A PALAVRA DE DEUS, enviaram-lhe Pedro e João; 15 os quais, descendo para lá, oraram por eles PARA QUE RECEBESSEM O ESPÍRITO SANTO; 16 porquanto não havia ainda descido sobre nenhum deles, mas somente haviam sido batizados em o nome do Senhor Jesus. 17 Então, lhes impunham as mãos, e RECEBIAM ESTES O ESPÍRITO SANTO.
Observe que apenas pelos versículos acima já conseguimos entender que “receber o Espírito Santo” e “Ter o Espírito Santo sobre” são termos sinônimos. Há outras expressões no Novo Testamento que também são usadas de forma intercambiável a estas duas, que também significam o mesmo. Um destes exemplos, é a expressão “Batismo no Espírito Santo”, como pode se perceber pelo próprio texto acima, pois, segundo o texto, os novos crentes de Samaria “somente haviam sido batizados no nome de Jesus”, deixando implícito que faltava o “Batismo no Espírito Santo”, razão pela qual, inclusive, Pedro e João foram até lá para orar por eles, para que também o recebessem. É por esta razão que Paulo, em Atos 19, pergunta aos irmãos se eles “já tinham recebido o Espírito Santo quando creram”.
Atos 19.1-6
1 Aconteceu que, estando Apolo em Corinto, Paulo, tendo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, 2 perguntou-lhes: RECEBESTES, PORVENTURA, O ESPÍRITO SANTO QUANDO CRESTES? Ao que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo. 3 Então, Paulo perguntou: EM QUE, POIS, FOSTES BATIZADOS? Responderam: No batismo de João. 4 Disse-lhes Paulo: João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que vinha DEPOIS DELE, a saber, em Jesus. 5 Eles, TENDO OUVIDO ISTO, foram batizados em o nome do Senhor Jesus. 6 E, impondo-lhes Paulo as mãos, VEIO SOBRE ELES O ESPÍRITO SANTO; e tanto falavam em línguas como profetizavam.
Veja que o texto acima usa expressões diferentes para se referir à mesma experiência subsequente ao Novo Nascimento. “Receber o Espírito Santo” e “Ser Batizado no Espírito Santo” e “o Espírito Santo vir sobre os crentes” são expressões usadas nos textos do Novo Testamento de forma intercambiável.
Os irmãos da história do texto acima não tinham sido batizados no Espírito Santo ainda porque “não tinham sequer ouvido sobre a existência do Espírito Santo”. Como sabemos, “a fé vem pelo ouvir”, e sem que o assunto seja ministrado pelos que pregam, aqueles que ouvem não terão a fé necessária para receber o que por Deus é oferecido, mesmo que gratuitamente. Por isso que Paulo, perguntando retoricamente os gálatas, que tinham começado de forma espiritual, mas que estavam se deixando levar pelos judaizantes e assim estavam voltando para a carne, diz: “Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” (Gálatas 3.2). Ou seja, os gálatas já tinham até recebido o Espírito Santo sem precisar praticar qualquer coisa da Lei de Moisés; então, seria tolice pensar que seria importante seguir a loucura judaizante. Porém, é interessante observar que Paulo está de fato afirmando que os crentes da Galácia tinham recebido o Espírito Santo através de uma pregação que produziu fé em seus corações para que o recebessem!
No texto de Atos 19, como vimos, somente depois que os crentes ouviram o que Paulo deve ter explicado sobre a diferença entre o Batismo de João e o Batismo de Jesus, que aquele que batiza no Espírito Santo, é que eles foram cheios do Espírito Santo e tanto falavam em línguas como profetizavam. É possível, mas não obrigatório, que quando o crente seja batizado no Espírito Santo ele profetize ou tenha a manifestação de algum dos outros nove dons do Espírito Santo; porém, sempre que o crente é batizado, ele falará em outras línguas. Este é o único sinal visível que as Escrituras apontam como evidência de alguém recebeu o Espírito Santo. Observe o texto abaixo.
Atos 10.44-47
44 Ainda Pedro falava estas coisas quando CAIU O ESPÍRITO SANTO SOBRE todos os que ouviam a palavra. 45 E os fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque também sobre os gentios foi DERRAMADO O DOM DO ESPÍRITO SANTO; 46 POIS OS OUVIAM FALANDO EM LÍNGUAS e engrandecendo a Deus. Então, perguntou Pedro: 47 Porventura, pode alguém recusar a água, para que não sejam batizados estes que, ASSIM COMO NÓS, RECEBERAM O ESPÍRITO SANTO?
Primeiramente, note que o Espírito Santo veio sobre “os que ouviam a palavra”, como já havia sido explicado anteriormente. Observe também que “o Espírito Santo cair sobre”, receber “o Dom do Espírito Santo” e “Receber o Espírito Santo” são usados no texto acima de forma intercambiável, ou seja, são expressões diferentes que se referem a uma única e mesma experiência. O “Dom do Espírito Santo”, é o próprio Espírito Santo e não os dons que podem ser usufruídos pelos homens como consequência da comunhão com ele. Por isso, depois que os irmãos foram batizados no Espírito Santo no dia de Pentecostes, Pedro explicou aos judeus que estavam querendo saber o que fazer para serem salvos: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2.38). Obviamente que ao receber o Espírito Santo, o crente falará em outas línguas. De fato, este tinha sido o motivo de toda a pregação de Pedro em Atos capítulo 2 quando alguns dos homens se escandalizaram com o que estavam vendo e ouvindo.
Voltando ao texto de Atos 19, veja que os irmãos souberam que os crentes tinham “recebido o Espírito Santo, POIS os ouviam falando em línguas”, e, além disso, o texto confirma o mesmo pensamento quando acrescenta que Pedro afirmou que eles “tinham recebido o Espírito Santo”. Como Pedro poderia saber se alguém recebeu ou não recebeu o Espírito Santo? Ora, porque, biblicamente, há uma evidência que mostra isso!
Atos 19. 47
Porventura, pode alguém recusar a água, para que não sejam batizados estes que, ASSIM COMO NÓS, RECEBERAM O ESPÍRITO SANTO?
Estes crentes sequer tinham sido batizados nas águas ainda, mas já haviam sido cheios do Espírito Santo. Observe também que quando Pedro os ouviu falando em línguas, pensou consigo mesmo e depois expressou o pensamento: “eles receberam o Espírito Santo DO MESMO JEITO QUE NÓS”. O que quer dizer que Pedro estava se referindo ao dia de Pentecostes quando ele e os demais foram cheios do Espírito Santo pela primeira vez e passaram a falar em outras línguas conforme o Espírito deixava que eles falassem. Esta experiência subsequente ao novo nascimento é chamada de Batismo no Espírito Santo ou Recebimento do Espírito Santo. Posteriormente, havendo Pedro já retornado a Jerusalém, expôs o acontecimento aos que o indagavam sobre ter estado com gentios:
Atos 11.15-16
15 Quando, porém, comecei a falar, CAIU O ESPÍRITO SANTO SOBRE eles, COMO TAMBÉM SOBRE NÓS, no princípio. 16 ENTÃO, ME LEMBREI da palavra do Senhor, quando disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós SEREIS BATIZADOS COM O ESPÍRITO SANTO.
Observe que Pedro disse que quando viu os novos crentes serem cheios do Espírito Santo, falando em línguas, lembrou-se logo da sua primeira vez e também lembrou-se do que o próprio Senhor Jesus havia falado sobre “o Batismo no Espírito Santo”. Quando o Espírito Santo vem a primeira vez sobre alguém, ela fala em línguas, e daí pra frente, pode-se dizer que ela foi batizada no Espírito Santo. Em outras palavras, Cornélio e seus companheiros receberam o Espírito Santo do mesmo jeito que Pedro e seus companheiros receberam também.
LÍNGUAS SOBRENATURAIS
Algumas pessoas confundem as coisas e chegam a pensar que as línguas de Atos 2 seriam algum tipo de manifestação extraordinária de “idiomas naturais”, falados sobrenaturalmente naquele instante, mas que se tratava de um acontecimento que jamais se repetiria na história. Esta é uma desculpa que os incrédulos usam para se justificar da sua incredulidade. Curiosamente, em Atos 10, mais de dez anos depois da experiência de Atos 2, Pedro ainda está afirmando que o batismo no Espírito Santo acontece do mesmo jeito que acontecera no dia de Pentecostes. Isso me faz perguntar se esses “Profissionais da Escritura” de fato leem a Bíblia.
Quando os ouviu falando em línguas, Pedro disse que eles haviam “recebido o Espírito Santo da mesma forma que ele”. As línguas são a EVIDÊNCIA de que um crente RECEBEU o Espírito Santo! Estas línguas são espirituais e não naturais. Não são idiomas humanos “aprendidos milagrosamente” como tem gente dizendo por aí.
Quando um crente fala em línguas, ninguém o entende, A NÃO SER, que alguém interprete OU que haja uma manifestação daquilo que alguns costumam chamar de “variedade das línguas”, que é quando um crente é capaz de comunicar uma mensagem num idioma que ele não domina, mesmo sem ter consciência de que está fazendo isso.
E mesmo quando o crente fala em línguas e ninguém o entende, pois, neste caso, não há interpretação, ainda assim, as línguas faladas por ele continuam sendo uma manifestação sobrenatural e não natural, de algo que vem do Espírito Santo.
O Novo Testamento ensina diversas nuances do papel das línguas na vida do crente, e por isso não podemos resumir o papel ou função das línguas na experiência cristã como uma coisa só. Se formos nos pautar pelos termos e convenções das denominações cristãs, só nos restará dúvida e muita confusão. Por outro lado, se seguirmos os termos bíblicos para o assunto, estaremos seguros na luz da Palavra de Deus.
As Escrituras ensinam que as línguas são:
- A evidência inicial de que alguém recebeu o Espírito Santo.
- São também um meio pelo qual o crente “se edifica a si mesmo”, podendo então, mais facilmente, edificar os outros quando ele mesmo já estiver edificado.
- As línguas também podem ser usadas para “dar bem graças a Deus”.
E, além disso, podemos orar em línguas, cantar em línguas e até mesmo transmitir uma mensagem para Igreja por meio das línguas através da interpretação ou de um intérprete, e não estou falando sobre cursos técnicos ou de formação em centros de idiomas. O “intérprete”, mencionado por Paulo, é um ministério tão espiritual e sobrenatural quanto o ministério do Profeta do Novo Testamento. A diferença entre os dois é que o intérprete precisa das línguas para que a mensagem seja interpretada e o profeta não precisa das línguas, pois já fala diretamente à igreja numa língua conhecida para edificar, exortar e consolar. A melhor comparação a respeito desse assunto é aquela que vi ser feita pelo irmão Hagin, quando compara as línguas e interpretação com duas notas de R$ 50,00 e compara a profecia com uma nota de R$ 100,00. As duas notas de cinquenta tem o mesmo valor da nota de cem, mas somente quando estão juntas.
As pessoas estão completamente perdidas sobre esses assuntos porque estão sendo arrastadas do seu “habitat natural” que é a sobrenaturalidade, para a naturalidade. Isso acontece porque estão expostas por tempo demais a “palestrantes”, “Ph.Ds. em divindade”, “diabolistas” e diversos outros “profissionais da palavra”. Infelizmente, pregação e ensinamento debaixo da unção concedida por Deus, tem ficado cada vez mais raro EM ALGUNS LUGARES!
Hoje, muitos crentes gostam mais de palestra do que de ensinamento realmente bíblico. Não é de admirar ver a confusão que vemos em meio à comunidade cristã. Ninguém acredita mais em nada, tudo é uma questão de especulação e conjectura intelectual. Sabe porque o homem natural (ou a mente natural), não aceita as coisas de Deus? Porque as coisas espirituais se discernem espiritualmente. Como diria minha mãe: “Nem tudo que reluz é ouro”, cuidado com as influências que você recebe na sua vida.
Certa vez ouvi uma história que contava que alunos de um seminário estavam em casa começando a se preparar para irem para a aula, quando, de repente, faltou energia e muitos do bairro mais perto da escola ficaram sem luz, mas se vestiram assim mesmo e saíram, pois não queriam se atrasar. Já na escola, quando a iluminação chegou, pode-se observar inúmeras pessoas com um pé de sapato diferente do outro, pessoas com roupas cujas cores não combinavam muito bem, etc. Porém, ao mesmo tempo, outros estavam perfeitamente normais, sem qualquer alteração em sua aparência, e a conclusão foi óbvia: “Dava para perceber nitidamente quem tinha se arrumado no claro e quem tinha se arrumado no escuro”.
Pode não fazer sentido para você, mas, quem está na luz, percebe claramente de onde veio cada ideia e pensamento que sai da boca de certas pessoas. Suas palavras e conceitos demonstram que “se vestiram na luz”, enquanto outras demonstram claramente que “se vestiram na total escuridão”. Seja lá onde você tenha ouvido as bobagens que te impedem de enxergar o que está escrito, não volte mais lá. Procure ensinamentos que não precisam de muitas firulas para parecerem verdadeiros. Fique com a Bíblia do jeito que ela é.
O Batismo no Espírito Santo, com a evidência bíblica de falar em outras línguas, é aquilo que todo o Novo Testamento chama de Recebimento do Espírito Santo. Você pode usar outros termos que não estejam na Bíblia, se assim você o quiser, mas você estará correndo o risco de trazer confusão mesmo que ache que está “explicando melhor”.