A Historicidade da Crença em um Anticristo vindo do Oriente Médio
Trato sobre esse assunto com riqueza de detalhes no meu livro “A Bíblia, o Islamismo e o Anticristo”. Neste momento o livro está sendo reimpresso na gráfica, e tão logo esteja pronto, será enviado para mim e o colocarei novamente no estoques da loja.natanrufino.com.br. Neste livro, coloquei algumas informações sobre a crença de que o Anticristo deveria surgir do próprio Oriente Médio. Abaixo, transcrevo uma parte do texto:
A verdade é que os profetas hebreus apontaram para o surgimento do Anticristo no Oriente Médio, a partir da região da Turquia, Síria e Iraque. Alguns cristãos ficam céticos quando se deparam com uma declaração como esta. No entanto, a verdade é que esta não é uma ideia infundada, iniciada por alguém tentando construir uma Escatologia que “mate a charada” do texto bíblico através de notícias de jornais.
Muitos teólogos ao longo da história cristã também tiveram a mesma interpretação dos textos bíblicos a respeito desse assunto.
• Um dos primeiros foi Hipólito de Roma (170-235). Hipólito era um teólogo importante do início do século III. Ao falar sobre o Anticristo, ele disse o seguinte: “…É preciso demonstrar que essas coisas são ditas de ninguém mais senão do infame tirano e adversário de Deus. Isaías ainda diz o seguinte: Quando o Senhor tiver terminado a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, ele punirá a linguagem orgulhosa do rei da Assíria e seus olhares insolentes.” (Isaías 10.12).
• O segundo teólogo que previu o Anticristo emergindo da mesma região que fora controlada pelo Estado Islâmico foi Victorinus de Pettau (240-304). Vitorino foi um bispo cristão primitivo e autor do comentário completo mais antigo sobre o livro do Apocalipse de que dispomos. Neste comentário antigo, Vitorino identificou o Anticristo como “o assírio” (mencionado em Miquéias 5.5) que iria invadir a terra de Israel apenas para ser destruído por Jesus em Seu retorno.
• A próxima testemunha é Lucius Caecilius Firmianus Lactantius (240-320). Lactantius ou Lactâncio, foi um outro escritor da Igreja no início do terceiro século, que escreveu muito sobre o fim dos tempos. Por incrível que pareça, Lactâncio declarou especificamente que o Anticristo viria da província romana da Síria: “Um rei se levantará da Síria, nascido a partir de um espírito maligno, o destronador e destruidor da raça humana, que deve destruir o que for deixado pelo antigo mal, juntamente consigo mesmo. Esse rei não será infame apenas por ser o que é, mas também será um profeta de mentiras… poder será dado a ele para fazer sinais e maravilhas, com o objetivo de poder seduzir homens para adorá-lo. Nessa época ele vai tentar destruir o templo de Deus e perseguir os justos “.
• Clarence Larkin (1850-1924), o grande mestre dispensacionalista, também previu essas coisas. Larkin era um pastor batista americano, teólogo e escritor, cujas obras continuam a vender até os dias de hoje. Em seu livro “Dispensational Truth”, Larkin escreveu: “É claro que o Anticristo há de vir da Síria. Devemos compreender, portanto, que a expressão “Rei do Norte”, ou rei da Síria, também incluiu a Assíria. Isso corrige a localização a partir da qual o Anticristo virá”.
• G.H. Lang (1874-1958). Lang foi um magnífico expositor britânico, cujo comentário sobre o livro de Daniel recebeu o maior apoio do lendário estudioso bíblico F.F. Bruce. Em “As Histórias e Profecias de Daniel”, ele disse o seguinte: “Portanto, o Anticristo será o rei da Assíria com a Babilônia como sua capital, que antigamente era o domínio de Seleuco, que ganhou a área oriental do império de Alexandre. Assim, quando o Anticristo aparecer, ele não virá de Roma, ou de qualquer outro lugar do ocidente. Se isto tivesse sido compreendido, muitas especulações vãs e enganosas teriam sido evitadas, como a do Papa, ou do Papado, ou Napoleão, ou outros como sendo ele. E quando ele surgir, seus esforços militares serão gastos, principalmente, sobre o Egito, o sul, o leste, e a Palestina.
• Arthur W. Pink (1886-1952), um evangelista inglês e estudioso da Bíblia, também conhecido por seu trabalho “The Antichrist”, do mesmo modo identificou o Anticristo como vindo da região do Oriente Médio do antigo Império Assírio: “Temos visto que as Escrituras, que nos ajudam a determinar a direção de onde ele vai surgir, falam dele sob o título de “o Pequeno Chifre”. A primeira coisa que este título significa é que ele é um rei, rei da Assíria. Depois que adquirir a coroa da Síria, ele vai rapidamente ampliar seus domínios”.
Outro nome importante nessa lista é João Damasceno, também conhecido como João de Damasco, viveu entre os anos 676 e 749 d.C., atuou como Bispo e é reputado como um dos grandes Doutores da Igreja Cristã. Nasceu em Damasco, na Síria, e seu pai fora um funcionário do governo tanto no âmbito do império bizantino quanto sob os governantes muçulmanos de Damasco. Recebeu uma excelente educação clássica, e era fluente em árabe e grego. João trabalhou na corte muçulmana até a hostilidade do califa em relação ao Cristianismo tê-lo levado a renunciar ao seu cargo, por volta do ano 700. Ele migrou para Jerusalém e se tornou um monge no Mosteiro de Mar Saba, perto de Jerusalém.
O interessante nos comentários de João Damasceno sobre o islã é que eles vêm de observações ainda nos primórdios da religião. O islamismo havia acabado de ser inventado e a tradição oral ainda não tinha sido substituída pela rigidez e ortodoxia do Alcorão e das Tradições de Maomé. Ao escrever contra algumas heresias da sua época, João declarou: “Há também a superstição dos ismaelitas que até hoje prevalece e mantém as pessoas em erro, sendo ela uma precursora do Anticristo”
É interessante observar que, em sua época, João de Damasco tenha se referido ao Islamismo como uma “superstição ismaelita”. Afinal, o Islã é a forma de vida predominante em meio aos descendentes de Ismael. Outra coisa importante a ser dita é que as caraterísticas agressivas do Islã e dos ismaelitas são tão semelhantes que, num primeiro momento, ficaria até difícil discernir o que veio primeiro. No entanto, temos um texto nas Escrituras que fala especificamente da selvageria que estaria presente nos descendentes de Ismael, o Islamismo, que veio depois, foi apenas uma das muitas consequências dessa característica selvagem.