Pecado, Morte e Perdão
PERGUNTA
Natan, eu perdi um irmão por suicídio. Uma coisa muito triste… Eu chorava muito pensando que meu irmão tinha ido para o Inferno por ter se suicidado. Até que tive um sonho, que creio ter sido de Deus para me consolar. No sonho, meu irmão me dizia para eu não chorar mais por ele, pois agora estava no Céu com Jesus e que nunca tinha sido tão feliz como estava sendo agora.
RESPOSTA
Triste a sua história, sinto muito que você tenha passado por isso. Também fico feliz que você esteja bem hoje, graças a Deus. Eu sei que existe um preconceito muito grande no meio evangélico em relação a esse assunto, mas a graça de Deus é maior do que a nossa religião permite. Normalmente a pessoa que realmente creu em Deus antes de morrer, não perde a salvação por causa da forma que morreu. Seria mais fácil que alguém perdesse sua salvação pela forma como viveu do que pela forma como morreu. Lembre-se que em I João 3.14,15 está escrito que “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si”.
Alguns dizem que a razão porque acreditam que um crente que tira a própria vida vai para o inferno é porque tal pessoa não teria tido a chance de “se arrepender e confessar o pecado”. Novamente, eu acho que essa forma de pensar sobre a capacidade de Deus em conhecer os corações e perdoar os pecados cometidos é muito limitada. Seria o mesmo que dizer que se eu comer de mais em determinado dia, e por acaso me engasgar, passar mal e morrer subitamente, que eu vou para o inferno por não ter tido tempo de confessar o pecado de gula. A Bíblia parece ensinar que há pecados que não tem perdão nem nesta vida, nem na era por vir (Mt 12.32). Sei que o texto pode ser mais facilmente aplicado a possíveis pecados cometidos durante o “mundo vindouro”, na época do Milênio, mas não me surpreenderia se alguns pecados fossem perdoados na prestação de contas após a morte. Sabemos que a todos os homens está ordenado morrer, vindo, depois disto, um juízo (Hb 9.27), pois todos nós prestaremos contas diante de Deus pela nossa própria vida (Rm 14.2, Hb 4.13). Todos os cristãos sabem que devem comparecer perante o tribunal de Cristo para receberem segundo o bem ou o mal que tiverem feito através do seu corpo (2co 5.10). Penso que muitos erros e pequenos pecados serão perdoados por Deus, mesmo depois da morte. Além disso, pecados espirituais, parecem ser mais graves que os pecados meramente carnais. Em outras palavras, não perdoar e odiar um irmão parece ser pior que furmar cigarro escondido atrás da porta.
Normalmente o amor de um pai por um filho é algo divino e muito profundo. Suponha que um pai e um filho entram em discussão e o filho xinga o pai, grita e fala coisas absurdas contra ele no momento do descontrole emocional. Ao sair de casa, o rapaz acaba sendo atropelado e morre. O que você acha? Aquele pai perdoaria seu filho mesmo sem ele ter tido oportunidade de se retratar e pedir perdão? Se você quiser fazer um teste e sair perguntando isso a diversas pessoas, você verá que quase 10 de 10 pessoas dirão que sim, que perdoariam seus filhos. Ora, se nós, que somos maus, desejamos e fazemos o bem a nossos filhos, porque Deus que é bom, seria mal no tratamento para com os filhos dele?
Deus é um juíz justo! Se Deus não fosse capaz de perdoar um filiho seu que tirou sua própria vida por causa de uma doença mental e grande perturbação, eu estaria sendo melhor do que ele. Temos que dar graças a Deus todos os dias porque ele não é como nossos irmãos da igreja.